sábado

Isso não é uma poeira é uma avalanche!


Apesar de opniões familiares contrárias à amizade, sempre me mantive persistente na empreitada de conquistar e manter meus amigos, mesmo com os desentendimentos que ocorrem nessa relação fraterna. Bom, vasculhando minha caixa de e-mail, encontrei esse texto que um querido amigo escreveu para mim há algum tempo. Obrigado pela amizade e gentileza do texto, Efrain.
"Olhar a poeira por exemplo. Não como um todo indiviso, nuvem opaca e indistinta. Mas Olhar detidamente cada uma de suas partículas suspensas no ar [e também o espaço exíguo que separa umas das outras], identificando o que não é notável ao senso apressado e comum. Mais ainda: não somente decompor em partes o que se apreende tantas vezes como inteiro, mas ascender ao fato que é da percepção e do quase impalpável que se engendra, num processo não consciente de cognição, a percepção do que é relevante e visível"
Homerinho, essa foi a maneira que achei de começar falando sobre o texto do casamento que você me enviou. Quando encontrei o Moacir dos Anjos [Recife], conversemos bastante tempo sobre um texto que ele escreveu recentemente sobre a Artista Rivane Neuenschwander. Falei sobre a importância do trabalho de alguns artistas em minha vida. Sempre achei que o verdadeiro artista é aquele que nos revela e muda a percepção das coisas e da vida com gestos muito simples. Em uma entrevista para um jornal em BH, sobre a minha mostra em uma galeria, ao ser questionado a respeito da nova produção mineira, citei o trabalho da Rivane como um trabalho que me interessava particularmente. O jornalista perguntou as razões pelas quais a obra dela me interresava tanto, e eu respondi: por que ela nos leva a olhar para as coisas mais banais e cotidianas, potencializando-as e tornando-as novas outra vez. Como olhar a poeira por exemplo. Coincidentemente esse é o título do texto que o Moacir escreveu no catálogo dela, numa recente mostra no MAMAM/Recife. Bem, o que eu quero dizer com tudo isso é que quando você leu aquele texto para mim, sobre as pessoas e sua experiência no vôo de ida para SP. Tive a nítida sensação de estar vivenciando um desse momentos tão incrives e reveladores, que só os artistas verdadeiros conseguem despertar. O mesmo ocorreu ao ler o texto que você me enviou recentemente. A primeira vez que vi um trabalho do artista alemão Anselm Kiefer, havia um trabalho que era uma pintura de um viaduto. A partir desse momento nunca mais olhei um viaduto que não me remetesse ao Kiefer. Também acho que as minhas viagens de avião e os casamentos nunca mais serão simples viagens nem os casamentos festas banais
bjs

Bom, o texto de Efrain me emociona muito, é claro, dentre outras coisas, por ser elogioso e estimulante. Repita-se, muito obrigado.
Bjus
Foto: Da série Lázaro, Exposição Éden do Artista Plástico Efrain Almeida

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